A serpentinita é uma rocha metamórfica de coloração tipicamente verde, conhecida por sua associação simbólica à renovação e transformação interior. Seu próprio nome deriva do latim serpens (cobra), numa alusão às marcas e padrões ondulados que lembram a pele de uma serpente – referência apropriada, já que essa pedra evoca a ideia de “trocar de pele” e recomeçar. Muito apreciada tanto no mundo esotérico quanto em aplicações práticas, a serpentinita se destaca por unir propriedades físicas interessantes, uma origem geológica singular e uma variedade de usos que vão desde a indústria pesada até a espiritualidade. Neste artigo, exploraremos em detalhes as características da serpentinita, sua formação, usos industriais e terapêuticos, aplicações na agricultura, impactos ambientais, papel na construção civil e as possibilidades futuras que essa pedra pode oferecer.

Propriedades Físicas e Composição da Serpentinita
Fisicamente, a serpentinita apresenta tons que variam do verde claro ao verde escuro, podendo incluir veios brancos, amarelados ou pontos negros dependendo de suas impurezas e minerais acessórios. Essa coloração única resulta de sua composição química rica em silicatos de magnésio hidratados. Em termos mineralógicos, é composta predominantemente por minerais do grupo da serpentina – principalmente lizardita, antigorita e crisótilo – cuja fórmula geral é Mg₃Si₂O₅(OH)₄ (podendo parte do magnésio ser substituída por ferro). Tais minerais conferem à rocha uma aparência marmorizada ou fibrosa e um leve brilho ceroso quando lapidados.
Em relação à dureza, a serpentinita situa-se entre 2,5 e 3,5 na escala Mohs, o que significa que é relativamente macia em comparação a outras rochas ornamentais. Essa característica facilita seu corte e escultura, tornando-a um material versátil para artesanato e design. Por outro lado, apesar da baixa dureza, a serpentinita é bastante resistente à abrasão e adere bem ao polimento. Quando polida, revela uma superfície lisa e lustrosa, destacando seus veios e nuances de cor. A densidade média gira em torno de 2,5 a 2,6 g/cm³, similar à de um mármore, e muitas vezes ela pode ser confundida com a jade ou outras gemas verdes devido à aparência vítrea e tonalidade semelhante.
Formação Geológica da Serpentinita
Geologicamente, a serpentinita é fruto de processos de metamorfismo hidrotermal em rochas ultramáficas ricas em olivina. Em termos simples, ela se forma quando rochas do manto terrestre, como o peridotito, sofrem hidratação e alteração química em presença de água ao longo de milhões de anos – um processo chamado serpentinização. Nessas condições, minerais primários de silicato de magnésio (como a própria olivina e piroxênios) são transformados em minerais do grupo serpentina. Esse processo exala calor e pode gerar subprodutos como magnetita (Fe₃O₄) e gás hidrogênio, alterando significativamente a química do ambiente ao redor.
As ocorrências de serpentinita estão frequentemente associadas a zonas de subducção e dorsais mesoceânicas, locais onde a água do mar penetra em rochas do manto expostas, desencadeando a serpentinização. Por isso, depósitos de serpentinita são encontrados em antigos complexos ofiolíticos – fragmentos de crosta oceânica emersos em cadeias montanhosas. A distribuição é global: há importantes jazidas na Itália (Marmo Verde di Prato), na Grécia, nos Estados Unidos (inclusive a Califórnia, onde a serpentinita é reconhecida como rocha símbolo do estado) e no Brasil. No território brasileiro, ocorrem em regiões de terreno metamórfico, como partes de Minas Gerais e Goiás, muitas vezes associadas a jazidas de talco, magnetita e até esmeraldas. A presença de serpentinita em certas áreas também influencia o solo e a vegetação locais – os chamados solos serpentiníticos tendem a ser ricos em magnésio e metais pesados, abrigando flora adaptada a essas condições químicas peculiares.

Usos Espirituais e Terapêuticos
No universo da cristaloterapia e do esoterismo, a serpentinita goza de reputação especial como “pedra da cura e da evolução espiritual”. Seus praticantes acreditam que essa pedra emana uma energia profundamente enraizadora e regeneradora, capaz de alinhar os centros energéticos do corpo. Tradicionalmente, associa-se a serpentinita ao chakra básico (ou raiz) – aquele situado na base da coluna, que representa nossa conexão com a terra, vitalidade física e senso de segurança. Por isso, usar uma serpentinita durante a meditação ou mantê-la próximo ao corpo é tido como uma forma de aumentar a sensação de equilíbrio e proteção, ajudando a dissipar medos e inseguranças. Ao mesmo tempo, muitos a relacionam também ao chakra do coração, entendendo que suas vibrações verdes promovem a limpeza de mágoas e estímulo ao amor-próprio e à compaixão. Essa dupla atuação – raiz e coração – faz da serpentinita uma aliada para harmonizar o plano emocional com o prático, integrando sentimento e ação.
Do ponto de vista terapêutico alternativo, a serpentinita é frequentemente usada como ferramenta em sessões de energização, reiki e massagens com pedras. Por exemplo, em práticas de yoga Kundalini, ela é vista como catalisadora do despertar dessa energia (que, segundo a tradição, é representada por uma serpente enrolada na base da coluna). Assim, colocar a pedra sobre o chacra básico ou ao longo da coluna durante a meditação supostamente ajudaria a “subir” a energia Kundalini, liberando bloqueios ao longo dos demais chakras. Terapeutas holísticos também podem posicionar a serpentinita sobre o peito do paciente para facilitar a liberação de traumas e tensões emocionais, ou utilizá-la próxima aos pés para intensificar o aterramento após trabalhos espirituais intensos – garantindo que a pessoa volte a se sentir conectada com a realidade aqui e agora.
Vale salientar que, embora muitos relatórios anecdóticos e crenças populares atribuam efeitos como redução do estresse, auxílio na limpeza de toxinas e melhoria do equilíbrio hormonal à serpentinita, essas alegações não possuem comprovação científica. Elas devem ser encaradas como parte de uma tradição de cura energética complementar, não substituindo tratamentos médicos convencionais. Ainda assim, do ponto de vista psicológico, segurar uma pedra de toque lisa e fria como a serpentinita rolada pode induzir calma e introspecção, servindo como foco para práticas meditativas ou ritualísticas.
Pedras serpentinita roladas exibem seus variados tons de verde oliva e superfície suave. Muitos adeptos das terapias com cristais utilizam essas peças polidas – facilmente encontradas em lojas esotéricas – para aproveitar as supostas vibrações protetoras e curativas da pedra. Em contato com a pele ou dispostas em ambientes, elas representariam um escudo energético contra negatividade, além de simbolizarem a renovação pessoal e espiritual.
No uso cotidiano, a serpentinita pode ser carregada como um amuleto. É comum encontrá-la sob forma de pingentes, colares ou mesmo pequenas pedras de bolso. Quem a utiliza dessa maneira relata sentir maior tranquilidade e centramento ao longo do dia, como se a pedra lembrasse constantemente da importância de se manter firme (conectado à terra) enquanto enfrentamos mudanças e desafios (renovação). Em suma, para os entusiastas do lado místico, a serpentinita não é apenas um mineral, mas um canal de conexão entre a energia terrestre e a sabedoria interior, inspirando proteção, cura emocional e crescimento espiritual.
Significado Energético e Espiritual
A serpentinita é considerada uma pedra de alta vibração para processos de cura, desbloqueio de traumas e expansão da consciência. Está fortemente conectada ao chakra cardíaco e ao chakra da coroa, facilitando o alinhamento energético entre os planos físico e espiritual.
Seus principais atributos espirituais incluem:
Renovação energética profunda, promovendo desapego de padrões antigos e emoções estagnadas
Estímulo à regeneração celular e à purificação dos corpos físico e sutil
Ativação da kundalini, despertando o fluxo de energia vital desde a base da coluna até o topo da cabeça
Aumento da intuição, conexão espiritual e sensação de proteção energética
Facilita o acesso a memórias celulares e padrões kármicos, auxiliando no seu reconhecimento e liberação
Propriedades Terapêuticas
Equilíbrio emocional: acalma o sistema nervoso, reduz estados de ansiedade e stress
Desintoxicação: auxilia na eliminação de toxinas, especialmente ligadas ao fígado e rins
Cura energética: ideal para sessões de reiki, imposição de mãos e práticas de meditação profunda
Sono e proteção psíquica: pode ser colocada sob o travesseiro para afastar pesadelos e influências negativas
Aplicações Místicas e Rituais
Utilizada em grelhas de cristais para limpeza de ambientes
Pode ser programada com intenções de cura, autotransformação ou transmutação energética
Ideal para banhos de limpeza energética, em conjunto com ervas como arruda e alecrim
Reforça práticas xamânicas e ancoragens com o reino da natureza
Dicas de Uso
Levar no bolso ou como pingente próximo ao coração
Meditar com a pedra em contato com a pele, especialmente nas regiões do plexo solar e cardíaco
Ideal para terapeutas, reikianos e trabalhadores da luz que lidam com energias densas

Observações Adicionais
A serpentinita é porosa e pode absorver facilmente energias externas — recomenda-se limpeza frequente com água corrente e selenita
Apesar de seu nome lembrar “serpente”, a energia da pedra é gentil, acolhedora e regeneradora
Aplicações Industriais da Serpentinita
Apesar de ser mais conhecida popularmente pelo misticismo e beleza, a serpentinita possui um histórico interessante de aplicações industriais. Um dos usos mais notórios deriva de um de seus minerais constituintes: o crisótilo, variedade fibrosa de serpentina que corresponde ao amianto branco. Durante o século XX, grandes volumes de crisótilo foram extraídos de rochas serpentiníticas para uso como isolante térmico e material resistente ao fogo na construção civil e em indústrias (como na fabricação de telhas, caixas d’água e lonas de freio). Entretanto, descobriu-se que as fibras de amianto, quando inaladas, são cancerígenas e causam graves doenças respiratórias. Isso levou a fortes restrições e mesmo à proibição do amianto em muitos países (o Brasil baniu o amianto crisótilo em 2017). Assim, a serpentinita como fonte de amianto caiu em desuso, mas historicamente foi um componente industrial relevante.
Outro campo tecnológico em que a serpentinita se destaca é no aproveitamento de seu conteúdo em hidróxido de magnésio e água estrutural. Por conter moléculas de água unidas quimicamente, a serpentinita libera esses elementos sob certas condições e consegue absorver grande quantidade de calor. Essas propriedades permitiram usos especializados, por exemplo, como blindagem em reatores nucleares. Em alguns projetos de reatores, agregados de serpentinita foram adicionados ao concreto ou usados como recheio em barreiras de aço para atenuar a radiação de nêutrons. A presença abundante de átomos de hidrogênio em sua estrutura ajuda a desacelerar os nêutrons (função semelhante à da água nos reatores), contribuindo para a proteção contra a radiação. Um caso histórico: no design do reator nuclear do tipo RBMK (como os de Chernobyl), a serpentinita foi empregada como material de blindagem em partes da construção, aproveitando essa capacidade de absorção de nêutrons.
Além disso, a serpentinita pode ser tratada como fonte de magnésio para processos químicos industriais. Há pesquisas visando extrair magnésio dessas rochas para uso em ligas metálicas leves ou na produção de compostos químicos. Embora não seja o minério de magnésio mais rico, a vasta disponibilidade de serpentinito ultrabásico no mundo torna-o um candidato a suprir demanda de magnésio caso outras fontes se tornem escassas. Alguns estudos também investigam o uso da serpentinita moída em processos de sequestro de dióxido de carbono (CO₂), aproveitando sua reação natural com o CO₂ para formar carbonatos estáveis (um assunto que detalharemos na seção ambiental). Vale notar que a moagem e manipulação industrial de serpentinita exigem cuidados, especialmente se houver fibras de crisótilo presentes – a segurança dos trabalhadores e do ambiente deve ser priorizada para evitar a dispersão de poeira contendo amianto.
Arquitetura, Design e Construção Civil
A beleza peculiar da serpentinita, com seus veios esbranquiçados e tonalidades verdes variadas, garantiu a ela um lugar de destaque como material ornamental ao longo da história. De fato, formas específicas dessa rocha receberam nomes comerciais e foram utilizadas como rocha decorativa e de revestimento, muitas vezes sob a alcunha de “mármore verde”. Um exemplo clássico é o Verde Prato, extraído na Itália, famoso desde épocas renascentistas para confecção de colunas, pisos e detalhes arquitetônicos. Embora tecnicamente não seja um mármore verdadeiro (pois não é composto de calcita), o Verde Prato polido apresenta um brilho e padrão de veias que lembram a pedra marmórea, o que o tornou popular em igrejas, palácios e até tampos de mesa. Da mesma forma, em construção civil, blocos de serpentinita já foram empregados no exterior de edifícios; um caso notável é o College Hall da Universidade da Pensilvânia (EUA), erigido no século XIX com alvenaria de serpentina local.
Pedra serpentinita polida em corte transversal, exibindo veios esbranquiçados atravessando o verde profundo da rocha. Esse padrão típico – muitas vezes chamado comercialmente de “mármore verde” – evidencia a beleza da serpentinita quando utilizada em revestimentos decorativos. A superfície polida realça as cores e texturas, tornando a pedra atraente para design de interiores e peças ornamentais.
Outra aplicação ligada à construção é na produção de peças esculpidas e artesanato decorativo. Por ser macia e fácil de talhar, a serpentinita sempre foi apreciada por artesãos. Povos inuítes no Ártico, por exemplo, tradicionalmente esculpiam lâmpadas a óleo e utensílios a partir de rochas serpentiníticas. Até hoje, em localidades como a península de Lizard (Cornualha, Inglaterra), pequenas oficinas trabalham a serpentinita para produzir objetos de decoração – vasos, caixas, estatuetas, joias e outros souvenires – aproveitando o contraste entre o verde escuro da base e os veios claros da pedra para criar peças de grande apelo estético. Após polimento, esses artefatos ganham um brilho sedoso e duradouro, adequados tanto para exposição interna quanto externa (desde que não fiquem sujeitos a intemperismo extremo, dado que a água e ácidos podem atacar a rocha ao longo de décadas).
Artesanato em serpentinita exposto em oficina local. Na península de Lizard, Inglaterra, pequenas empresas familiares esculpem a serpentinita em abajures, pesos de papel, vasos e lembranças para turistas. A pedra local, de um verde escuro rajado de vermelho e branco, pode ser facilmente torneada e polida, resultando em peças elegantes. Esse exemplo ilustra como a serpentinita encontra espaço no design e na decoração, valorizando saberes tradicionais e economia criativa nas comunidades onde é extraída.
Na construção civil moderna, a serpentinita continua a ter espaço principalmente como rocha ornamental. Lajes cortadas e polidas de serpentinita são usadas em revestimentos de parede, pisos de baixo tráfego, detalhes decorativos e bancadas. É comum encontrá-la em forma de azulejos ou plaquetas aplicadas em halls de entrada e ambientes internos de prédios comerciais ou residenciais de alto padrão, onde seu verde único agrega sofisticação. Entretanto, é importante ressaltar que, devido à presença eventual de fibras de crisótilo, o uso de serpentinita bruta em interiores requer verificação e tratamento adequado para evitar qualquer risco de partículas no ar. De qualquer forma, quando devidamente selada e polida, a serpentinita é estável e segura, além de conferir um toque natural e distinto à arquitetura.
Uso na Agricultura
Uma aplicação menos conhecida, porém promissora, da serpentinita ocorre na agricultura sustentável. Devido à sua natureza química ultrabásica (rica em magnésio e com presença de minerais alcalinos), o pó de serpentinito vem sendo estudado e empregado como condicionador de solo e fonte natural de nutrientes. Quando moída adequadamente, essa rocha pode atuar como um corretivo de acidez do solo, neutralizando solos excessivamente ácidos de modo semelhante ao calcário agrícola tradicional. Essa prática se insere no conceito de rochagem, que é o uso de pós de rochas para melhorar as características do solo, trazendo benefícios a longo prazo e reduzindo a dependência de fertilizantes químicos solúveis.
No Brasil, pesquisas conduzidas por instituições como a Embrapa e o CETEM já avaliaram a eficiência do serpentinito agrícola em cultivos. Os resultados indicam que ele libera gradualmente elementos como magnésio, cálcio e silício, nutrindo as plantas de forma lenta e contínua. Essa liberação controlada é vantajosa: diferentemente de adubos químicos que se dissolvem rapidamente (podendo causar picos de nutrientes e posterior lixiviação), o pó de serpentinita vai reagindo no solo ao longo de meses, garantindo um suprimento constante de micronutrientes e melhorando a capacidade de troca catiônica do solo. O magnésio, em particular, é importante para a fotossíntese (faz parte da molécula de clorofila); sua adição via serpentinita pode corrigir deficiências desse elemento em terras cultiváveis.
Outro ponto positivo é que, por ser um material 100% natural e não tóxico (quando livre de fibras de amianto), a serpentinita pulverizada não prejudica a biota do solo – ao contrário, fornece minerais que alimentam microrganismos benéficos. Estudos reportam aumento na atividade microbiana do solo tratado com esse remineralizador, o que se reflete em melhor estruturação e fertilidade da terra. Culturas como milho, trigo e pastagens mostraram respostas positivas em produtividade quando cultivadas em solos tratados com doses adequadas de pó de serpentinito, especialmente em solos originalmente ácidos e pobres em bases. Além disso, houve redução de alumínio trocável no solo (um elemento tóxico para muitas plantas em pH baixo), graças à elevação do pH proporcionada pela rocha ultrabásica.
Do ponto de vista econômico e ambiental, o uso do serpentinito na agricultura tem duplo benefício. Primeiro, aproveita-se um recurso abundante e muitas vezes subutilizado (resíduos de mineração de serpentinita ou extração de talco, por exemplo) como insumo agrícola, agregando valor ao que seria descartado. Segundo, diminui-se a necessidade de fertilizantes industriais e calcário, poupando gastos para o produtor e reduzindo o impacto ambiental associado à fabricação e transporte desses insumos. É claro que a aplicação de rochagem demanda alguns cuidados – a granulometria do pó deve ser fina o suficiente para reagir no prazo de interesse agrícola, e a dosagem precisa ser calibrada para cada tipo de solo. Contudo, de maneira geral, a serpentinita se consolida como alternativa sustentável para enriquecimento de solos, fornecendo nutrientes de liberação lenta, corrigindo a acidez e até ajudando no controle de pragas e doenças (solos remineralizados tendem a produzir plantas mais vigorosas e menos suscetíveis a ataques).
Meio Ambiente e Sustentabilidade
No contexto ambiental, a serpentinita desperta interesse especial por sua capacidade natural de fixar dióxido de carbono. O processo de serpentinização que forma a rocha consome CO₂ (na forma de bicarbonato na água) e produz carbonatos estáveis. Inspirados nisso, cientistas investigam formas de acelerar a reação da serpentinita com o CO₂ atmosférico para fins de combate às mudanças climáticas. Em laboratório, já se conseguiu usar rocha serpentinítica moída reagindo com gás carbônico em autoclaves (alta temperatura e pressão) para formar magnesita (carbonato de magnésio), aprisionando assim o carbono de modo permanente na forma sólida. Projetos piloto consideram injetar CO₂ em reservatórios geológicos subterrâneos ricos em serpentinita, promovendo a carbonatação in situ. Outra abordagem é aproveitar resíduos finos de mineração de serpentinitos espalhando-os em áreas abertas (até mesmo em lavouras, unindo com a ideia da rochagem) para que, expostos ao ar e chuva, capturem lentamente o carbono atmosférico ao longo de anos. Embora ainda em fase experimental, essa tecnologia de sequestro mineral de carbono pode se tornar mais uma ferramenta no esforço de mitigação do efeito estufa, transformando um gás poluente em minerais inertes.
Além do clima, a serpentinita também interage com o meio ambiente em outros aspectos. Como mencionado, solos derivados de serpentinito possuem alta concentração de metais como níquel, cromo e cobalto. Algumas plantas hiperacumuladoras conseguem crescer nesses solos e absorver esses elementos em seus tecidos. Isso abre caminho para estratégias de fitorremediação e fitoextração: cultivar espécies apropriadas em solos serpentiníticos poderia remover metais pesados contaminantes ou até extrair níquel de forma ecologicamente correta (fito-mineração). Já há pesquisas mostrando que certas plantas nativas de solos de serpentinita extraem quantidade significativa de níquel – ao serem colhidas e incineradas, poderiam fornecer esse metal, reduzindo a necessidade de mineração tradicional.
No que tange à recuperação ambiental, resíduos de serpentinita moída têm sido testados para neutralizar drenagens ácidas em áreas de mineração. Devido ao seu caráter alcalino, esse material pode ser adicionado a lagoas ou cursos d’água ácidos oriundos de minas de sulfetos, ajudando a elevar o pH e precipitar metais dissolvidos. Comparado a cal virgem ou hidróxido de cálcio, o serpentinito age mais lentamente, porém gera lodos contendo carbonatos e hidróxidos estáveis, muitas vezes menos solúveis. Em algumas situações, essa pode ser uma solução de baixo custo utilizando rejeitos locais (se a mina estiver próxima a rochas ultrabásicas).
Por fim, cabe destacar o aspecto da sustentabilidade no uso da serpentinita. Tratando-se de uma rocha relativamente comum na crosta terrestre, seu aproveitamento inteligente – seja para fins industriais, agrícolas ou ambientais – pode aliviar a pressão sobre recursos mais escassos. Por exemplo, empregar serpentinito pulverizado na agricultura reduz a dependência de fertilizantes sintéticos (cuja produção pode ser poluente e consome recursos não renováveis). Da mesma forma, usar serpentinita para sequestrar carbono ou remediar solos contaminações aproveita processos naturais em favor do equilíbrio ambiental. Em resumo, a serpentinita ilustra bem como um material geológico pode ser inserido em estratégias modernas de desenvolvimento sustentável, servindo de ponte entre a geologia e a ecologia.
Possibilidades Futuras e Conclusão
Olhando para o futuro, a serpentinita reserva potencial para novas aplicações e descobertas. Na área de energia e clima, poderemos vê-la sendo utilizada em maior escala para captura de carbono, caso as pesquisas atuais se convertam em tecnologias viáveis. Imaginem usinas de energia acopladas a unidades de mineralização de CO₂ com serpentinito, reduzindo drasticamente as emissões líquidas de gás carbônico. Ou então vastos campos agrícolas enriquecidos com rochas ultramáficas moídas, atuando simultaneamente como lavouras produtivas e sumidouros de carbono – uma sinergia entre produção de alimentos e mitigação climática.
No campo dos materiais de construção, a serpentinita também pode ganhar espaço como componente de cimento e concreto ecológico. Pesquisas experimentais já testam substituições parciais do clínquer de cimento por aditivos à base de serpentinitos ativados, o que poderia não apenas reduzir a pegada de carbono da construção civil (por baixar a quantidade de clínquer, cuja fabricação é muito emissora de CO₂), mas também conferir ao concreto a propriedade de absorver CO₂ ao longo do tempo conforme a serpentinita residual carbonata dentro da estrutura. Essa abordagem, embora em estágio inicial, aponta para a interessante possibilidade de prédios e pavimentos feitos com “concreto serpentinítico” que ativamente sequestram carbono da atmosfera durante sua vida útil.
Do ponto de vista espiritual e terapêutico, a tendência é que a serpentinita continue sendo redescoberta por novas gerações dentro das práticas holísticas. À medida que movimentos de bem-estar integrativo ganham força, a demanda por cristais e pedras naturais permanece alta. A serpentinita, com sua mensagem de renovação e equilíbrio, certamente manterá seu apelo. Talvez surjam estudos mais sistemáticos no futuro sobre os efeitos psicológicos de terapias com cristais, quem sabe comprovando alguns benefícios indiretos (como redução de ansiedade pela indução de mindfulness ao manusear as pedras, por exemplo). De qualquer forma, sua presença em espaços de meditação e coleções de cristais de cura parece assegurada.
Em conclusão, a serpentinita revela-se uma pedra de múltiplas facetas. Fisicamente, é cativante e útil – uma rocha que ao mesmo tempo encanta pela beleza e serve à indústria e à inovação tecnológica. Espiritualmente, inspira transformação pessoal, proteção e cura interior, simbolizando a possibilidade de nos reinventarmos tal qual a serpente que troca de pele. Ambientalmente, surge como uma aliada potencial na busca por práticas mais sustentáveis, seja nutrindo solos ou ajudando a capturar carbono. Assim, da antiguidade aos dias atuais, a “pedra da renovação e regeneração” continua a se reinventar em seus usos, acompanhando as necessidades e aspirações humanas. Resta-nos observar e participar de seu caminho, extraindo dela não apenas recursos materiais, mas também lições sobre adaptação, equilíbrio e transformação contínua.
Aparência da serpentinita bruta: amostra natural não polida, mostrando a coloração verde-escura mesclada a zonas mais claras e textura rugosa da rocha. É nesse estado que a serpentinita é extraída da natureza, antes de ser cortada, lapidada ou moída conforme suas diversas aplicações. Observa-se que mesmo ao natural ela já apresenta o aspecto marmorizado que dá origem ao seu nome, lembrando as formas orgânicas e padrões sinuosos da pele de uma serpente, símbolo último de renovação.
Possíveis Usos Futuros da Serpentinita
A Serpentinita está despertando o interesse de pesquisadores e cientistas devido ao seu potencial em aplicações futuras. Estudos estão sendo conduzidos para explorar seu uso na captura e armazenamento de dióxido de carbono (CO2), um importante passo para combater as mudanças climáticas.
**Curiosidade:** A Serpentinita tem a capacidade de reagir com o CO2, transformando-o em minerais sólidos, o que pode ajudar a reduzir a quantidade de CO2 presente na atmosfera e, assim, contribuir para a mitigação dos efeitos do aquecimento global.
Com seus benefícios em diferentes áreas, a Serpentinita revela-se uma pedra verdadeiramente versátil e promissora para o futuro.





